Perspectivas 2020 e um balanço do ano que passou.

24 de dezembro, 2019

Por Ilan Ryfer

É chegada aquela época na qual nos comprometemos com metas para o ano que vem (que convenientemente esquecemos antes do Carnaval) e fazemos um balanço do que passou. Como o primeiro item é difícil de compartilhar com quem for ler esse texto, irei me ater a fazer um breve balanço financeiro do ano que passou.

Em termos gerais, não temos do que nos queixar, nem do ano passado, nem dos últimos 10 anos. Apesar de alguns soluços no Brasil e fora, o ano passado e os últimos 10 anos foram períodos de grande prosperidade nos mercados financeiros. Juros baixos, em queda, e por vezes negativos, significaram liquidez abundante no mundo. E liquidez abundante significou preços crescentes em todos os ativos de risco, como ações listadas, crédito privado, imóveis, private equity e venture capital. O ano de 2019 viu uma nova alta de preços em todas as classes de ativos.

Nos EUA, a taxa de juros base, o Fed Funds, começou o ano em 2,5% e está terminando em 1,75%. Em 1998 estava em 4,75%, e de 2008 até 2015 ficou praticamente em zero. A taxa dos títulos americanos de 10 anos caiu de 2,7% para 1,9% em 2019, vindo de 4,7% em 1998 e 2,2% em 2008. No Brasil, a SELIC veio de 6,5%, no início do ano, para 4,5%, sendo que em 1998 era 29% e em 2008 era 13,75%. De 2015 até agora foram 10% de queda. Já os juros reais vieram de 4,8% para 3,0% em 2019, e estavam em 7,0% há poucos anos atrás.

O real pouco se mexeu no ano, apesar das oscilações preocupantes. Começou o ano em 3,9 e está terminando entre 4,0 e 4,1, apesar de ter atingido 3,65 e 4,25 ao longo do ano. Só que no caso do dólar, dá saudade (ou não) da cotação de 1,21 do final de 1998, ou mesmo do 1,65 no final de 2010. Lá fora, o Euro também pouco se mexeu em relação ao dólar americano em 2019. Começou o ano cotado a 1,15 dólares por euro e está terminando o ano em 1,11. Há 20 anos atrás, no final de 1998, a cotação era 1,17, variando para 0,90 em 2001 e 1,45 em 2007.

Todo esse período de juros baixos, alta liquidez e moderação nas oscilações de mercado tiveram impactos positivos sobre bolsas de valores. O S&P 500, principal índice da bolsa americana, está fechando o ano com quase 30% de alta. Nos últimos 10 anos foram 200% de alta quase ininterrupta (2018 foi 6% negativo e 2015 quase 1% negativo). Se considerarmos os últimos 11 anos, são 250% de alta. Já o Ibovespa está fechando 2019 com mais de 30% de alta, depois de três anos consecutivos de performances significativas: 15% em 2018, 27% em 2017 e 39% em 2016. Foram quase 70% de alta nos últimos 10 anos (200% nos últimos 11 anos). Perdemos nossa chance de acompanhar a alta das bolsas americanas devido a recessão causada pelo governo Dilma, mas nos últimos três anos, estamos fazendo o “catch up”.

Acredito que nesse ponto caberia uma antecipação do que esperar para o ano que vem, mas como dito no início do texto, aqui cabe apenas uma reflexão sobre o passado. Mas deixo para o leitor alguns dados para que ele próprio decida sobre o futuro:

1. Taxas de juros e inflação continuam no seu ponto mais baixo no mundo, sem perspectivas de mudança

2. Taxas de juros e inflação continuam no seu ponto mais baixo no Brasil, sem perspectiva de mudança

3. Liquidez continua abundante no mundo

4. Preços de ativos de risco atingiram ou estão próximo de seu mais alto nível histórico

Desejo assim, boas festas e um 2020 próspero a todos!