Pauta de Investimentos Internacionais: IPO da XP

10 de dezembro, 2019

Por Enzo Mori

O IPO da XP é a pauta do momento. Não param de sair notícias sobre a incrível demanda, que se acredita ser 20 vezes maior que a oferta. Como reflexo disso, há a discussão sobre a reprecificação desta. Era para esse IPO ter ocorrido em 2017. Naquela época, a empresa estava sendo avaliada em R$ 10 bilhões, vs. os R$ 50 bilhões de hoje. Não deram continuidade com a proposta porque o Itaú passou na frente de todos, fazendo uma oferta irrecusável, comprando 50% da XP, além de que asseguraram ao Itaú a opção de comprar a parte remanescente nos anos seguintes.

Estas opções foram deixadas de lado quando o Bacen vetou a compra de participação adicional, argumentando que esta consolidação diminuiria a competição no setor. Na época, a pauta defendida por esses agentes era justamente essa. No entanto, desistiram dessas opções. Nesse sentido, não queremos discutir se o investimento neste IPO será ou não a oportunidade da vida, como dizem alguns anúncios de internet. Era esperado que a oferta ocorresse no Brasil, sendo listado na B3. Dessa forma, investidores poderiam acessá-la sem grandes problemas. Do modo que este IPO está ocorrendo, há a necessidade de investir via fundo para participar da oferta.

Nesse parâmetro, diversas companhias estão seguindo este caminho, como Arco, Arfa, Stone e Pagseguro. Os principais motivos que explicam essa preferência são: (i) precificação mais elevada dos ativos; (ii) maior demanda pelos investidores; (iii) o controle das companhias já está domiciliado no exterior, como reflexo da entrada de Venture Capitals e Private Equity estrangeiros. Como consequência dessa fuga de empresas ao irem operar no exterior, o IBOV apresentará dificuldade de renovação. Este é um ponto de atenção, vale lembrar que hoje 5 das 10 maiores empresas do S&P (“Bovespa americano”) são “novas”. Caso todas as empresas “tech” forem para o exterior, o Ibov será concentrado sempre em Banco e Commodities (Petrobras e Vale). Alguns fundos já tomaram a dianteira, aumentaram a capacidade de investimento no exterior para 40%, para mitigar este risco.

Diante deste problema, a B3 e a CVM estão trabalhando para aumentar a atratividade do mercado brasileiro para este tipo de oferta. Veremos no futuro se estas iniciativas serão eficazes ou não.